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Quincas Borbas - Machado de Assis

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Originalmente, Quincas Borba foi publicada em forma de capítulos de 1886 a 1891 na revista
"A Estação". Posteriormente, em 1892, foi publicada em um volume pela Livraria Garnier.
Este romance seria, na verdade, a continuação da obra
"Memórias Póstumas de Brás Cubas".
Quincas Borba, um filosofo maluco; Rubião, um enfermeiro provinciano e ingênuo; Palha e Sofia, um casal esperto, oportunista, sedutores. São estes os personagens responsáveis pelo dinamismo da trama.

Há uma diferença entre a 1ª e a 2ª edição desse livro: na primeira, a história é
relatada numa seqüência linear, ou seja, os fatos ocorrem de forma sincronizada á medida que vão ocorrendo. Na segunda edição, houve uma modificação. A narrativa começa pelo meio, quando Rubião já estava residindo no Rio de Janeiro. Logo o narrador, interrompendo a seqüência,
retorna e passa a relatar o que ocorreu no início da história.

Quincas, o personagem que dá nome ao romance, era um filósofo, cuja sanidade mental era questionável, criou uma filosofia de vida, denominada por ele de "Humanitas", princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível. Para defini-la, exemplifica: "Uma guerra,
duas tribos que se encontram, frente a frente, perto de uma plantação de batatas que só darão
para sustentar uma delas. É a luta pelas batatas. Pela sobrevivência. A tribo vencedora,
apropria-se das batatas. "Ao vencedor, as batatas". Filosofia, com maluquice, singeleza e bem simplória temperam as lições de Quincas Borba.

Na sua teoria, de Quincas - filosofo, a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes
sobrevivem e os fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos superiores
e espertos, como Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.


A História vai circulando em torno da vida de Pedro Rubião de Alvarenga, um ex-professor
primário que torna-se, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba. Com o tempo, Rubião é seduzido pelas idéias do amigo enfermo tornando-se seu discípulo.
Em Barbacena, Minas Gerais vivia Quincas Borba. Muito rico, ao morrer de infecção pulmonar, deixa a Rubião uma considerável fortuna, herança herdada de seu último parente.

Rubião, logo apos a morte do amigo, troca a pacata e monótona vida interiorana pela folia da
corte. Muda-se para o Rio de Janeiro. É obrigado a levar consigo o cão do filosofo morto, também chamado de Quincas Borba, do qual deveria cuidar sob a pena de perder a herança.
Durante a viagem de trem para o Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que logo percebem estar diante de um rico e ingênuo provinciano. Atraído pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza e sensualidade de Sofia, Rubião passa freqüentar a casa deles, confiando cegamente no novo amigo.

O romance é narrado em terceira pessoa e dividido em capítulos curtos - uma característica do estilo de Machado. Durante o desenrolar da trama vamos percebendo a transformação pessoal e social por que passa Rubião ao se mudar para a Corte, deixando para trás aquela existência simples de provinciano e passando a freqüentar um mundo
de surpresa e ocorrências nunca antes experimentadas: os caloteiros, mentirosos, as amizades compradas, os boca-livres, as aventuras amorosas.

No Rio de Janeiro, Palha, o novo e esperto amigo, se torna um administrador da fortuna do inexperiente Rubião, surrupiando, a cada dia, parte dos lucros gerados.
Rubião, fascinado, sente-se cada vez mais seduzido e manipulado por Sofia, que, num jogo calculado,encoraja-o, pra logo depois esquivar-se impondo uma certa distância.
Sofia, na verdade, sente uma certa repugnância em relação a Rubião, mas, não demonstra,
mente usando o argumento da fidelidade ao marido. No entanto, é uma "fidelidade" conveniente
ao marcar um encontro amoroso com Carlos Maria,um galanteador leviano que não aparece ao encontro por considerá-la muito fácil.

Já, Tonica, filha do Major Siqueira, personagem secundária, ama Rubião. Solteirona
desesperada para casar-se, percebe a chance de arrumar um marido. Tentativa inútil, Rubião
é fiel a sua inglória e frustrada paixão por Sofia.

Rubião, ingênuo, sem malícia, quase simplório, acaba por se tornar um joguete nas mão de
pessoas interesseiras, oportunistas que aproveitam para explorá-lo financeiramente.
Essas atitudes e comportamentos são comuns naquele momento e balizam a sociedade daquela
época onde as relações sociais tem como ingredientes a luta pelo poder e pela ascensão social;
pela falta de escrúpulo, a artificialidade, a hipocrisia, o jogo de sedução.

Nesse processo ponteiam no enredo, personagens secundários como o Dr. Camacho, diretor de um jornal de oposição que parasita Rubião tentando usufruir de seu dinheiro, filando jantares e
charutos. Ambicioso e vulgar, explora Rubião sem piedade, inventando para o matuto um
improvável projeto político e tornando-o sócio de seu jornal, Atalaia.
Deolindo, garoto salvo por nosso "herói" de atropelamento, demonstrando toda sua ingratidão, ridiculariza-o e caçoa dele junto com outras crianças.

Passa o tempo, amadurece a trama, personagens e leitores já envolvidos num clima de
intimidade...e Rubião? Bem! este começa a demonstrar um certo grau de desequilíbrio.
É tomado por delírios de grandeza, algumas alucinações oportunistas. Sua mente, um tanto
quanto tacanha, tem dificuldade em compreender a complexidade dessa vida atual.
Esporadicamente, as pregações do filósofo Quincas lhe vem a mente e ele começa a compreender a base da filosofia "Humanitas" de seu amigo: "ao vencedor as batatas".

A loucura de Rubião, vai progredindo, suas posses, minguando até a miséria.
Sem recursos financeiros, acaba abandonado por todos. O casal Palha, livra-se dele internando-o
em um sanatório de desequilibrados tendo como companhia seu cão Quincas.
Meses de tratamento não melhoram sua situação e ele acaba fugindo do sanatório
com seu Cachorro.
Vamos encontrá-lo agora, em Barbacena, para onde se dirigira após a fuga. Completamente insano, perambula pelas ruas, delirante e precário, sofrendo nessa sua nova condição.
Em sua imaginação, fantasia ser Napoleão III. Sua mente delirante, lembra e repete incessante
o pensamento-base humanitas: "ao vencedor as batatas"
Poucos dias depois, sobre os cuidados de uma velha conhecida, Rubião morre. Seu cão Quincas,
três dias depois, também morre, consumido pela tristeza.

Arrematando, o ultimo capitulo, Machado, numa ironia sutil, diz que o título do livro pode se
referir a uma homenagem ao cão ou ao filosofo. Tanto Faz: é até "...provável que me perguntes
se ele....o defunto homônimo é que dá o título ao livro ...chora os dois.....se tens lágrimas.
Se só tens riso ri-te! E a mesma coisa". Quem pode "... discernir os risos e
as lágrimas dos homens."

O estilo Machadiano

De acordo com a opinião da crítica especializada, podemos considerar a existência de duas fases distintas na obra de Machado de Assis.

A primeira etapa teria sido inspirada pela corrente romântica que ainda existia no Brasil, bem
assim os padrões técnicos de narrativa comum a este movimento. É deste período, 1869 até 1879,
as seguintes obras: Falenas, 1870; Contos Fluminenses, 1870; Ressurreição, 1872; Histórias da Meia-Noite, 1873; A Mão e a Luva, 1847; Americanas, 1875; Helena, 1876; Iaiá Garcia, 1878; evidenciando-se Crisálidas, 1864.

Já a segunda etapa é considerada por muitos críticos como de maturação, com uma produção que aborda temas ligados á natureza psicológica e constitucional, social e cultural. Este momento, gera um aprimoramento estético e uma nova concepção técnica voltados para os postulados da nova escola literária: o realismo.

Ambas as fases contêm diferenças e semelhanças. Nas duas aparece o humorismo, se bem que na primeira não encontramos o pessimismo de forma aguçada.
Notamos, sim, um humorismo espirituoso, alegre, comprometido apenas em divertir, em fazer rir.
O sensualismo e o erotismo existiram nas duas fases, bem como, notamos o apurado trato
psicológico das personagens e a tendência de fazer-se a análise dos costumes.
Os recursos técnicos e de estilos, desenvolvidos e melhor apurados na segunda fase, tiveram
suas origens na primeira. Isso acontece com a introspecção, com o desenvolvimento da trama,
com o monólogo interior, com o enfoque psicológico, etc.

Da segunda fase podemos citar os seguintes romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881
(a maior obra do Realismo na Literatura Brasileira); Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó
e Memorial de Aires. Quincas Borba, a obra aqui analisada se encontra, cronologicamente,
inserida no estilo realista.


Concluindo, podemos considerar os 50 anos de existência literária de Machado de Assis como
uma eterna presença. Ele foi um gênio que marcou a sua época. Projetou-se na atualidade e permanecerá na eternidade, enquanto houver literatura.

O Autor e Sua Obra
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu a 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Passou a infância no morro do Livramento. A mãe e a irmã, morreram cedo, sendo criado pela madrasta
Maria Inês,lavadeira humilde, mas pessoa de excelente índole e que lhe serviu de arrimo, principalmente após a morte do pai.

Serviu como sacristão na Igreja da Lampadosa enquanto aprendia as primeiras letras em
uma escola de São Cristóvão.

Sua primeira produção literária foi uma poesia, que se intitulou “Ela”, publicada em 1855 na Marmota Fluminense, periódico que reunia destacadas figuras da época, onde prestou
colaboração até 1861.

"....
Seus olhos que brilham tanto
Que prendem tão doce encanto
que prendem um casto amor
onde com rara beleza,
se esmerou a natureza
com meiguice e com primor
......."


Ingressou em 1856 na Imprensa Nacional, como tipógrafo aprendiz, e lá conheceu o romancista Manuel Antônio de Almeida, diretor do órgão, e que se tornou seu grande amigo e protetor.
Em 1858, foi revisor de provas e também caixeiro na tipografia e livraria de Paula Brito, seu
dileto amigo. Com ele, participou de outro grupo, a Petalógica, uma sociedade lítero-humorística
de grande conceito. Colaborou, ainda, entre 1858 e 1860, nos jornais O Paraíba, em Petrópolis, Correio Mercantil, e na revista O Espelho.

No Diário do Rio de Janeiro, de 1860 a 1867, usando os pseudônimos de Gil, Job, Platão,
escreveu as seguintes peças: Hoje Avental, Amanhã Luva, 1860; Queda que as mulheres têm
para os tolos, 1861; Desencantos, 1861; O Caminho da Porta, 1863; O Protocolo, 1863; Quase Ministro, 1864; Os Deuses de Casaca, 1866.

Com o pseudônimo de Dr. Lucena, Vitor de Paula, Lara, colaborou na Semana Ilustrada e no
Jornal das Famílias, onde fez publicar muitos contos.

As poesias Crisálidas apareceram publicadas em 1864. Em 1865, fundou a Arcádia
Fluminense, sociedade artístico-literária muito bem aceita e onde Machado de Assis
leu muitas de suas poesias.

".......
Depois... depois a verdade,
A fria realidade,
A solidão, a tristeza;
Daquele sonho desperto,
Olhei... silêncio de morte
Respirava a natureza -
Era a terra, era o deserto,
Fora-se o doce transporte,
Restava a fria certeza......."

Foi nomeado em 1867, para ajudante do diretor do Diário Oficial. Dois anos depois firmou contrato com a Editora Garnier para a publicação dos Contos Fluminenses e das poesias Falenas.

Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, vinda de Portugal. Cinco anos mais velha que Machado.Não era bonita mas, extremamente simpática e atraente.
Não tiveram filhos, fato que se vai refletir amargamente em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

Em 1870, publica "Os Contos Fluminenses, "Ressurreição (1872), Histórias da Meia Noite( 1873),
A Mão e a Luva (1874), Poesias Americanas (1875), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), Tu, Só Tu, Puro Amor (1880), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Papeis Avulsos (1882, História
sem Data (1884), Quincas Borba (1891), Varias Histórias e Não Consultes Médico(1896), Dom Casmurro (1899), Poesias Completas (1901), Esaú e Jacó (1904), Lição de Botânica (1906), Memorial de Aires (1907).

Em 1904, Vai a Nova Friburgo com a esposa doente, Dona Carolina Xavier de Novais Machado
de Assis que falece pouco depois. Foi um rude golpe sofrido pelo escritor.

Quatro anos depois,com a saúde abalada, licenciou-se para tratamento médico. Em 29 de
setembro de 1908, faleceu o maior de todos os nossos romancistas, vítima de uma série de
problemas médicos.
Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, junto à sua amada Carolina.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

NOSSA SUPER LEGAL . E TUDO COMPLETO BARABENS PARA QUEM FEZ ISSO.

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